Automóveis eléctricos: comprar ou não comprar, eis a questão Automóveis eléctricos: comprar ou não comprar, eis a questão

Automóveis eléctricos: comprar ou não comprar, eis a questão

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Escolher um novo carro é sempre uma tarefa complicada. E se for um eléctrico é normal que as dúvidas se acumulem. Por isso, não tome nenhuma decisão antes de ler este explicador.


Publicado em 03-Jul-2018

De um lado, temos a Associação dos Construtores Europeus de Automóveis (ACEA) a afirmar que não se vendem eléctricos sem fortes ajudas por parte dos Estados – leia-se subsídios. E do outro, temos Estados como França, Inglaterra e Alemanha a anunciar que as vendas de todos os automóveis a combustão serão proibidas até 2050. Mas, ironicamente, são esses mesmos construtores quem não se cansa de lançar novos modelos de combustão para o mercado, aumentando exponencialmente a oferta.

Olhando para as vendas, percebe-se que estas não passam de uma gota no oceano. Em 2016, em Portugal, as vendas chegaram às 500 unidades. Hoje, esse valor ascendeu às 1.500 unidades, um número ainda muito reduzido, é certo, mas sinónimo de um crescimento ininterrupto, trimestre a trimestre. O que leva cada vez mais pessoas a adquirem estes modelos?

Certamente os subsídios são uma boa explicação, assim como as naturais preocupações ambientais, mas para muitos um eléctrico pode mesmo ser a escolha mais racional. Tudo depende do uso e do automóvel escolhido… Ponto por ponto, aqui ficam as principais ideias e preocupações a reter.

Automóveis eléctricos: comprar ou não comprar, eis a questão | Unibanco

BMW i3

BMW i3

VE, híbridos e plug-ins. O que é isto?

Os Veículos Eléctricos (VE) são obviamente movidos exclusivamente a electricidade, ao passo que os híbridos utilizam as duas tecnologias, motor eléctrico e de combustão. Neste caso, para os motores eléctricos fica reservada a tarefa de auxiliar na diminuição dos consumos e das emissões, no aumento da autonomia e da potência. Podem funcionar em modo totalmente eléctrico, mas apenas por breves instantes pois a autonomia e a potência dos motores serão sempre mais reduzidas. Carregam-se exclusivamente através da utilização normal do carro (nas travagens, desacelerações, etc.). Já os plug-in hybrids, como o nome indica, carregam-se na ficha, o que justifica terem mais e maiores baterias e motores mais potentes – suficientes, em princípio, para uma utilização urbana diária. Para tudo o resto está lá o motor normal, de combustão, pelo que serão, provavelmente, a melhor opção para quem faça percursos diários muito variados, ou simplesmente morra de medo de ficar sem bateria antes de chegar ao próximo posto de carregamento.

Autonomia

Tem sido o maior calcanhar de Aquiles da indústria – e naturalmente a preocupação fundamental dos consumidores. Até há bem pouco tempo, só conseguia ir de Lisboa ao Algarve sem reabastecer num Tesla. Hoje, várias marcas oferecem modelos com a autonomia necessária (é o caso do Hyundai Kauai eléctrico 204 cv, do Opel Ampera ou do Nissan LEAF 2018 E-plus) e sem precisar de viajar a 80 km/h e com o A/C desligado.

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Nissan LEAF, o eléctrico mass market com maior autonomia

Nissan LEAF, o eléctrico mass market com maior autonomia

Carregamento

Não há nada que bata, em tempo e conveniência, uma bomba de gasolina. Se hoje perdemos a paciência por ter um carro à nossa frente, imagine se esse mesmo veículo, na melhor das hipóteses, demorar 30 minutos a carregar!? E logo a seguir é a sua vez de demorar outro tanto… Se compararmos com “ontem”, o avanço tem sido enorme e hoje é possível carregar muito mais bateria em muito menos tempo. Trinta minutos acaba por não ser impeditivo – é o tempo de um café mais demorado ou um almoço – e já existe praticamente uma centena de postos de carga rápida por todo o País. São mais a cada dia que passa, em ruas e bombas de gasolina, sobretudo nas auto-estradas, e todos facilmente identificados pelo GPS do seu automóvel. Também espalhados pelas ruas e parques de estacionamento estão postos de carregamento de média intensidade, com índices na ordem das oito horas para um carregamento total. Já as chamadas estações de baixa intensidade podem ser qualquer tomada eléctrica, incluindo as de sua casa, caso tenha essa possibilidade. Estas necessitam que o VE fique de um dia para o outro a carregar, cerca de 12 horas, o que mesmo assim poderá ser a solução mais prática no dia-a-dia.

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Algumas marcas. como a BMW (ou a Volkswagen) apostam em estações de carregamento sem fios, que começam a funcionar mal o veículo se posiciona por cima. Com grau de eficiência na ordem dos 85%

Algumas marcas. como a BMW (ou a Volkswagen) apostam em estações de carregamento sem fios, que começam a funcionar mal o veículo se posiciona por cima. Com grau de eficiência na ordem dos 85%

Preço

Um eléctrico será sempre mais caro do que um modelo convencional equivalente, mas do pequeno Twizy, da Renault, que custa 12.500 euros ao superluxuoso Tesla S P100D de 152 mil, não será difícil encontrar um VE para a sua bolsa. Uma lógica ainda mais verdadeira à medida que surgem cada vez mais modelos no mercado. Quanto aos incentivos fiscais, estes dependem de uma série de factores, a começar pelas negociações para o Orçamento do Estado, pelo que o melhor será consultar as condições específicas de cada caso no Fundo Ambiental do Ministério do Ambiente.

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Tesla Model S

Tesla Model S

Custos

Como sabemos, a compra é apenas o início de uma longa lista de despesas e aqui o eléctrico sai a ganhar, com revisões menos frequentes e mais baratas, pois não se trocam óleos, filtros e toda uma série de peças relacionadas com a combustão. No dia-a-dia carregar também é muito mais barato do que encher o depósito. Valor que pode chegar a uma poupança de 8 euros por 100 quilómetros nalguns casos. Some-se o número de quilómetros por ano e terá uma diferença abissal.

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O novo Hyundai Kauai

O novo Hyundai Kauai

Vida das baterias

É um facto bem conhecido dos telemóveis: ao fim de algum tempo a bateria perde capacidade de carregamento, logo, nos carros vai passar-se o mesmo, certo? Errado. Enquanto nos telemóveis as marcas apostam na obsolescência programada, isto é, “provocam” o fim de vida útil para incentivar a troca, aqui funciona ao contrário, procurando as marcas aumentar o tempo das baterias (até pelas extensas garantias que oferecem e pela natureza muito superior do investimento). Os dados conhecidos, em condições de utilização real, apontam para valores na ordem dos 800 mil quilómetros, sem perdas reais de autonomia – e quando foi a última vez que fez tantos quilómetros com um automóvel?

Ruído

A ideia é simples, se o veículo não faz barulho, seguramente vamos ouvir melhor todos aqueles pequenos ruídos enervantes que os plásticos começam a fazer ao fim de algum tempo. Faz sentido, mas a prática também confirma o contrário: sem motor de combustão a trepidação “normal” é muito inferior, logo os ruídos têm menos tendência para aparecer.

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O novo Nissan Leaf

O novo Nissan Leaf

Serão realmente verdes?

Será que os automóveis eléctricos são mesmo mais amigos do ambiente? A pergunta parece descabida, mas e se a electricidade consumida não for produzida por energias renováveis? O panorama não é animador: a maioria das fontes ainda são fósseis em quase todos os países da UE, com excepção da Suécia. Portugal até está bem classificado, ocupando a 5ª posição em matéria de renováveis, com cerca de 40% da produção provindo de fontes renováveis (23% eólicas, 11% hidroeléctricas, 5% biomassa e 1,6% fotovoltaicas, segundo a REN). Já os combustíveis fósseis dividem-se em gás natural com 34% e carvão com 26%. O grande desafio será – não apenas nosso, mas de todo o mundo – mudar o foco de produção à medida que colocamos mais pressão no consumo de electricidade, para que toda a energia extra produzida seja mais amiga do ambiente. Caso contrário, estamos meramente a desviar o foco do problema.

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