Cervejas artesanais Cervejas artesanais

Cervejas artesanais

min de leitura

O mundo das cervejas está ao rubro. Do faça você mesmo à produção artesanal vai um pequeno passo. Quem quer aventurar-se?


Publicado em 06-Ago-2018

Durante anos, pedir uma cerveja era um tormento: Super Bock ou Sagres? Sagres ou Super Bock? A agonia da escolha… Existiam mais alguns nomes, até mesmo estrangeiros, mas estes eram os dois players que dominavam completamente o mercado. Ainda dominam, mas agora com mais variantes.

Foram os próprios que começaram a apresentá-las, aliás, com as Bohemia, Abadia, Stout, Radler, Green ou 1927, não necessariamente por esta ordem. No geral, cervejas com um posicionamento premium que procuravam atrair outro tipo de consumidores.

Depois, com o tempo, timidamente ao início e afirmando-se sem medos mais tarde, começaram a chegar os “cervejeiros”. Essa gente de barba comprida e tatuagens que fazia produtos de nicho em pequenas quantidades.

Batches” chamavam-lhes num novo léxico que foi ganhando cada vez mais entradas: India Pale Ale (IPA), American Pale Ale (APA), Blonde Ale, as Lager ou Pilsner, Weissbier, Lambic. O dicionário da cerveja foi ficando cada vez mais rico. Agora, sempre que nos apetece uma cerveja bem gelada – o que não é de todo incomum nesta altura do ano –, a escolha é bem mais simples.

Longe vai o tempo em que a cerveja era o parente pobre à mesa, na qual a única opção verdadeiramente aceitável para acompanhar uma refeição era o vinho. Hoje, este emparelhamento gastronómico é muito mais comum, como se percebe até pelo recente menu no Bairro do Avillez, pensado precisamente para acompanhar com várias cervejas.

Um movimento que não é obviamente estranho à chegada de todas estas cervejas gourmet e que começou a ganhar força entre os chefs espanhóis, à semelhança aliás do que aconteceu com o gin tónico.

Marvila, o bairro da cerveja

Dois Corvos, Musa e Lince são três marcas de cerveja artesanal, separadas por um raio de apenas 300 metros em Marvila, que reclama para si o estatuto de Lisbon Beer District. As três têm fábrica-loja aberta ao público, onde pode provar o produto diretamente da “fonte”.

A norte, no Porto, o Pattria  oferece mais de 150 referências, entre elas algumas das estrangeiras mais famosas. Mas o destaque vai para as nacionais: Amphora, Letra, Catraio, Oitava Colina, Opo 74, Beata, Barona ou Maldita.

A Coruja é outra cerveja artesanal. Tem selo da Super Bock, mas é realizada num laboratório cervejeiro independente, criado com este propósito. Já a Sovina, provavelmente a primeira marca a surgir com algum destaque, foi adquirida pelo grupo Esporão, que assim junta a cerveja a um portefólio maioritariamente vínico.

Aliás, nesta feliz união é impossível não referir as Cervejas La Rosa, feitas na centenária quinta de vinho do Porto, no Pinhão, que também se aventurou nestas andanças. Contaram com a ajuda do próprio enólogo da casa, Jorge Moreira, já considerado como o melhor enólogo nacional. Richard Naisby, um dos mais conhecidos cervejeiros artesanais ingleses, faz, há anos, uma cerveja que estagia em cascos da De La Rosa.

São três versões: uma Lager, uma IPA e uma Stout, nas quais se sente sempre o Porto e o Douro. A IPA, por exemplo, fermenta em barricas de carvalho usadas durante o estágio dos vinhos brancos do La Rosa Reserve e a Stout conta mesmo com um toque de vinho do Porto Quinta de La Rosa vintage.

Cervejas artesanais | Unibanco
Brewie, um sistema automático para fazer cerveja, à venda na Oficina da Cerveja

Brewie, um sistema automático para fazer cerveja, à venda na Oficina da Cerveja

Faça você mesmo

Está pronto para se aventurar na sua própria produção de cerveja? Então saiba que “só” precisa de construir um laboratório em casa, aumentar a potência da eletricidade contratada em 200% e arranjar, pelo menos, um fato de macaco com níveis de proteção química…

Não, nada disso. Tudo o que precisa é de um kit completo, que venha já com todo o equipamento necessário (incluindo o balde de fermentação) mais os ingredientes (os extratos, que vão definir o tipo de cerveja produzida).

Encontra tudo muito facilmente online, em sites específicos como o da cerveja Sovina, da Oficina da Cerveja ou então em gigantes como a Amazon.

Também não lhe será difícil perceber como funciona, entre guias passo a passo e vídeos de tutoriais. Acima de tudo, vai precisar de paciência, muita paciência. Porque fazer cerveja demora tempo – no mínimo um mês entre começar a produção e poder provar – e o mais normal é não acertar logo à primeira.

Afinal, fazer cerveja é uma arte e os artistas não se fazem num dia.

Club7, mais do que um clube

Club7, mais do que um clube

Carolina Melo Duarte e Bruno Nunes contam como foi transformar um santuário de bem-estar em algo ainda mais completo e único.