Ilha, um vinho da Madeira que não é da Madeira Ilha, um vinho da Madeira que não é da Madeira

Ilha, um vinho da Madeira que não é da Madeira

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Confuso? Nós explicamos: trata-se de um vinho produzido na ilha, mas ao contrário da regra não é generoso. É surpreendente


Publicado em 20-Nov-2018

A fama do vinho da Madeira ultrapassa fronteiras. Foi o vinho com que os fundadores brindaram à independência dos Estados Unidos, e a sua qualidade e longevidade tornam-o num dos mais cobiçados em qualquer leilão internacional. Daí que a opção por fazer vinho na Pérola do Atlântico pareça relativamente simples. Não para Diana Silva, uma jovem enóloga “da terra” que nem quis ouvir falar de vinhos licorosos quando se decidiu a produzir o seu – mas não escapou seguramente a alguns comentários menos positivos sobre a sua sanidade mental… Provavelmente o mesmo tipo de dúvidas que ouviram os pioneiros dos primeiros vinhos DOC, no Douro.

Só que Diana tem ainda mais “rebeldia” no seu ADN e, não contente por ter optado por um vinho de mesa, decidiu fazê-lo em Tinta Negra, uma casta muito pouco consensual, e, como se tudo isto não fosse já demasiado arrojado, resolveu ainda transformar aquela casta tinta numa trilogia de vinhos, somando-lhe branco e rosé! Foi a primeira vez em  que alguém se atreveu a fazer os três vinhos a partir da mesma casta em Portugal.

Ilha, um vinho da Madeira que não é da Madeira | Unibanco

A colheita de 2017 (a primeira) chegou agora ao mercado e será provavelmente um dos (três) vinhos mais surpreendentes que pode provar. Inúmeros adoraram-no, ao passo que outros torceram-lhe o nariz. Teve, para já, a virtude de agradar às lojas mais especializadas, como a Garrafeira Nacional, a Garrafeira Imperial e o Clube Gourmet do El Corte Inglés, que a colocaram à venda nos seus espaços. Assim como no Belcanto, de José Avillez, ou no 100 Maneiras, de Ljubomir Stanisic. E estas são grandes conquistas.

Apesar de jovem, Diana Silva chegou a este ponto com larga experiência no mundo dos vinhos, para onde entrou quase por acaso e pela porta do turismo – o percurso tinha obrigatoriamente de ser fora do comum, não era? Foi na hospitality que descobriu a paixão pelo vinho, mas rapidamente revelou uma enorme aptidão nas provas, o que lhe valeu mesmo um convite para escanção antes sequer de ter qualquer formação na área. O curso de enologia foi tirado mais tarde, e à medida que crescia a experiência no mundo real, com passagens pelas áreas comerciais de grandes produtores.

Quanto à escolha da Tinta Negra, casta bastante disseminada na ilha (porque consegue bons níveis de produção), mas longe de ser consagrada, Diana justifica-a por ser “delicada na boca” quando bem cuidada na vinha, apresentando bons níveis de acidez e frescura. Já sabemos que foi (mais) uma aposta polémica, mas Diana nunca procurou o consenso: “É o projeto da minha vida”, diz. Mote que resumiu notavelmente na rolha de cada garrafa, “Amor à terra e crença no terroir.”

À venda por 19,90 euros, o mesmo valor para o Blanc de Noirs, Tinta Negra rosé, ou Tinta Negra tinto.

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