O ano do centenário de Sophia de Mello Breyner Andresen O ano do centenário de Sophia de Mello Breyner Andresen

O ano do centenário de Sophia de Mello Breyner Andresen

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Um ano recheado de eventos, colóquios e exposições para celebrar os 100 anos do nascimento da poetisa, começando já pela mostra na Galeria da Biodiversidade, no Porto, na mesma casa que foi dos Andresen, onde a autora passou a infância e que foi uma constante inspiração em toda a obra.


Publicado em 08-Fev-2019

O marinheiro Hans, de Histórias da Terra e do Mar, parte da pequena ilha de Vig, no mar do Norte, e chega a uma cidade “colorida e sombria”, onde mais tarde comprou “uma quinta que do alto de uma pequena colina descia até ao cais de saída da barra”.

Sophia de Mello Breyner Andresen nunca o referiu explicitamente, mas a cidade era obviamente o Porto, onde atracou também o seu avô vindo da Dinamarca, e a quinta a do Campo Alegre, a casa dos Andresen, com o seu grande jardim plantado com espécies vindas dos quatro cantos do mundo. Aqui passou boa parte da infância e aqui os leitores da poetisa encontram a inspiração para tantas das suas obras, como a estátua que originou O Rapaz de Bronze.

Hoje, a casa é o Jardim Botânico da Universidade do Porto e não podia haver melhor ponto de partida para celebrar o ano do centenário da escritora, que nasceu a 6 de novembro de 1919.

O ano do centenário de Sophia de Mello Breyner Andresen | Unibanco

Para conhecer melhor a obra, muitos dos seus livros são editados pela Porto Editora e estão à venda na Wook

Pour ma Sophie foi organizada a partir da sua biblioteca pessoal, com mais de 300 livros, muitos oferecidos pelos próprios autores, como contou o seu neto Martim Sousa Tavares, o curador desta exposição. “A biblioteca da minha avó encontrava-se dividida entre dois lugares: a casa da Meia Praia em Lagos (onde a família costumava passar as férias desde os anos 1960) e o resto guardado em Lisboa. Foi durante as férias de verão que me interessei pela primeira vez por esses livros e comecei a constatar que muitos deles estavam assinados, alguns contendo mesmo dedicatórias belíssimas, e aqui começou a nascer a ideia de fazer algo com eles.”

Carlos Drummond de Andrade, Miguel Torga, José Saramago, Teixeira de Pascoaes, Maria Helena Vieira da Silva, Arpad Szenes, Jorge de Sena ou Herberto Helder são alguns desses autores e artistas que escreveram as dedicatórias que agora podem ser lidas, todos os dias até ao dia 22 de fevereiro, entre as 10 e as 18 horas, onde estão também manuscritos inéditos, trocas de correspondência ou traduções, todos “escondidos” nas páginas destes livros, e que permitem agora conhecer melhor a vida e a obra da autora.

O ano do centenário de Sophia de Mello Breyner Andresen | Unibanco

Enquanto outros são editados pela Assírio & Alvim, mas também estão à venda na Wook.

Ainda em fevereiro, entre os dias 9 e 16, será a vez de Coimbra acolher a peça Sophia, pela Oficina Municipal de Teatro, uma viagem a partir das obras infantis da poetisa. E está assim dado o mote para um ano recheado de celebrações, em que não faltará sequer um concerto comemorativo no Teatro Nacional de São Carlos, no próprio dia do nascimento, a 6 de novembro.

Pode seguir todas as atividades no site dedicado ao centenário.