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As caminhadas mais espetaculares do país

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Vamos lá calçar as sapatilhas, encher o cantil de água e explorar alguns dos percursos pedestres mais bonitos de Portugal.


Publicado em 02-Set-2020

Perdoem-nos a imodéstia, mas Portugal tem alguns dos percursos pedestres mais bonitos do mundo. Lugares com uma beleza natural tão deslumbrante que fica complicado olhar para o chão – e olhar por onde se anda é fundamental, pois não estamos a falar de pequenos passeios no parque, mas caminhadas mais exigentes e revigorantes. Assim, antes de se colocar a caminho, venha descobrir os nossos trilhos de eleição, sempre rodeados por essa natureza que nos enche de orgulho…

Passadiços do Paiva, Arouca

Extensão: 8 Km
Tempo Médio: 2h30m

Os Passadiços do Paiva são, muito provavelmente, o percurso mais famoso em Portugal, e acabam de ganharam uma novidade estrondosa – ou vão ganhar quando finalmente for inaugurada em outubro. Nessa altura o percurso passará a contar com a maior ponte pedonal suspensa do mundo! A Ponte liga as duas margens do rio a uma altitude de 175 metros. E, para a percorrer, terá de caminhar 516 metros, de uma ponta à outra. A distância justifica o nome da ponte – Arouca 516 – e não será muito adequada a quem sofre especialmente de vertigens. Os Passadiços do Paiva ficam assim (ainda) mais interessantes, como se os 8 km de extensão, ao longo do Paiva, em plena natureza intocada, não fossem já razão mais do que suficiente para dar este passo. Não sendo um trilho muito extenso, os declives acentuados acabam por conferir alguma exigência ao passeio.

Trilho dos pescadores, Rota Vicentina

Distância: Variável
Tempo Médio: Variável

Praticamente todo o litoral alentejano oferece inúmeras oportunidades de caminhada – bem organizadas e sinalizadas na Rota Vicentina. Os trilhos estendem-se ao longo de centenas de quilómetros de paisagem protegida, campos agrícolas e praias míticas. Muitas vezes com o mar por companhia, mas outras aventurando-se pelo interior. Os percursos dividem-se entre a Rota Histórica e o Trilho dos Pescadores, caminhos há muito usados por quem vivia do mar e que se estendem por 263 km, divididos por 13 etapas de um dia, com um máximo de 25 km. Descendo de Porto Covo à Arrifana e, em conjunto com a Rota Histórica, até ao Cabo de São Vicente em Sagres. Pode naturalmente fazer as etapas que entender ou apenas uma, mas terá de encontrar transporte de regresso ao ponto inicial, pois fazer o caminho de volta não será uma solução praticável. Em alternativa, existem ainda os Caminhos Circulares, um excelente ponto de partida para explorar a região.

Vista do Rei, Sete Cidades, Açores

Extensão: 7,7 km
Tempo Médio: 2 horas

Os Açores oferecem inúmeros trilhos incríveis, mas este tem vista para um dos melhores postais ilustrados da região – e do país: a Lagoa das Sete Cidades. O início acontece precisamente no Miradouro da Vista do Rei, assim chamado por ter recebido o Rei D. Carlos e a Rainha D. Amélia, em 1901. O percurso – bem sinalizado – segue depois pela cumeeira da lagoa e por mais paisagens magníficas, para o interior da cratera, para as Lagoas Verde e Azul, Caldeira Seca, Caldeira do Alferes e toda a costa noroeste da ilha. Mais perto do fim, chegando a uma estrada de alcatrão, pode fazer um pequeno desvio e visitar também o miradouro da Lomba do Vasco, com vista sobre a costa oeste, a freguesia dos Mosteiros e os seus ilhéus. O trilho continua pela estrada regional e termina já dentro da freguesia das Sete Cidades, junto à Igreja de São Nicolau. É um trilho fotogénico e fácil, bom para fazer em família.

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Subida ao Pico, Açores

Extensão: 7,6 KM
Duração Média: 7 horas

A Montanha do Pico é a mais alta de Portugal. Tem 2351 metros e, para chegar ao cume, só a pé. É um trilho desafiante e, não sendo tecnicamente muito exigente, a extensão e o desnível (mais de mil metros) aconselham alguma preparação física prévia. O trilho tem início na Casa de Montanha, onde é obrigatório registar-se, e pode ser feito sozinho ou com guia, a solução mais aconselhável. Neste caso pode até optar por fazer o caminho de noite – e chegar ao cume com os primeiros raios da manhã – ou com pernoita. A ascensão é feita durante a tarde, para aproveitar o pôr-do-sol. Durante a noite dorme em tendas dentro do vulcão e o despertar é feito antes ainda dos primeiros raios, para aproveitar cada segundo do nascer do sol. Nesse altura, com boa visibilidade avistam-se todas as ilhas do Grupo Central dos Açores.

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Sete Vales Suspensos, Lagoa

Extensão: 12 Km (ida e volta)
Tempo Médio: 3 a 4 horas

Perto do Carvoeiro, entre a Praia da Marinha e a Praia Vale de Centeanes, fica um dos percursos pedestres mais bonitos do Algarve, junto ao mar e entre as rochas escarpadas e falésias típicas da região. É um terreno amplo, aberto, com vistas magníficas, e por onde passamos – literalmente – pelos Sete Vales Suspensos do nome. Foram criados pela erosão de percursos de água que aqui existiam – e no inverno continua a ser possível observar esses mesmos cursos de água e passá-los. Apesar das “subidas e descidas” não é um percurso muito exigente fisicamente.

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Ponta de São Lourenço, Madeira

Extensão:  8 horas (ida e Volta)
Tempo médio 5 horas

O percurso começa no Caniçal, onde a paisagem é diferente de qualquer outro lugar da ilha, e em breve chega ao topo do Pico do Furado. A partir daqui as vistas são simplesmente de tirar o fôlego, como se percebe pela foto que abre este artigo. Pelo trilho passa-se ainda por algumas das maravilhas mais selvagens da Madeira e na praia pode, com sorte, observar um lobo -marinho ou, pelo menos, dar um belo mergulho no Cais da Sardinha. Quem ficar hospedado no famoso hotel Reid’s Palace pode ainda desfrutar de um piquenique saudável totalmente preparado pelo hotel durante o percurso.  O trilho é relativamente fácil e acessível a todos.

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Foto Belmond Reid's Palace

Foto Belmond Reid's Palace

Trilho do Vento, Fafe

Extensão: 14 km
Tempo Médio:  4h30m

Venha descobrir a casa dos Flintstones e, pelo meio, fazer uma caminhada alimentada a energia eólica no Trilho do Vento. Trata-se de um percurso pedestre circular, localizado no Parque Eólico das Terras Altas de Fafe, e foi criado precisamente para sensibilizar os visitantes para a importância desta energia renovável – ao longo do percurso é explicado todo o processo, desde a formação do vento até ao seu uso para gerar eletricidade. Mas, além das enormes ventoinhas, a paisagem natural é maravilhosa e marcada pelos gigantes penedos típicos da região. É, no meio deles, que se “esconde” a casa mais estranha que alguma vez viu, a Casa do Penedo. Construída em 1974, precisamente entre três enormes rochas. A casa é particular, mas pode ser visitada e, em breve, terá alojamento local também.

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Rota dos Túneis, Barca D’alva

Extensão: 17 KM
Tempo Médio: 7 horas

Na Beira Alta jaz uma antiga linha de caminho de ferro. Construída há mais de um século, a linha ligava o Porto a Madrid e foi descontinuada em 1985, abrindo assim um dos mais desafiantes percursos pedestres do país. Ou de Espanha, já que trilho liga a portuguesa Barca D’alva a La Fregeneda, do outro lado da fronteira. O percurso pode ser feito em qualquer um dos sentidos e “obriga” a atravessar vinte túneis e dez pontes sobre vales profundos, algo que fará disparar a adrenalina, sobretudo a quem sofre de vertigens. Se é o seu caso, este poderá não ser o melhor percurso. Já relativamente à segurança não precisa de se preocupar, pois a linha, apesar de abandonada, foi recentemente alvo de trabalhos de manutenção. Para aumentar a dificuldade nalguns túneis a escuridão é total, pelo que as lanternas são absolutamente obrigatórias para conseguir ultrapassar essas etapas (e não estranhe se tiver alguns morcegos por companhia). A Rota dos Túneis não é definitivamente um caminho para enfrentar sozinho, devido à sua dificuldade elevada, mas a conquista é especialmente gratificante.

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Não esquecer

1- Convém ir preparado para fazer uma boa caminhada. A começar por calçado confortável e apto para o terreno. Não vale levar sandálias.
2- Mochila para transportar equipamento, comida e líquidos. Idealmente leve um litro de água para cada 4 quilómetros. E nunca se esqueça da regra de ouro: seja responsável e traga de volta tudo o que levar.
3- Roupa adequada para a altura do ano. Recorde-se que, no caso das montanhas, no topo faz sempre mais frio.
4- Lanterna, para o caso de passar por locais mais escuros ou se fizer parte do caminho ao entardecer.
5- Máquina fotográfica ou smartphone, se estiver confiante com a qualidade das lentes. Com a bateria cheia, obviamente.
6- Binóculos para ajudar na observação da natureza.
7- Kit de primeiros socorros, canivete multiusos e apito para sinalização. Tudo em caso de emergência e, obviamente, sujeito ao tipo e grau de exigência do percurso.