Três exposições a não perder no Porto Três exposições a não perder no Porto

Três exposições a não perder no Porto

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Frida Kahlo, Anish Kapoor e Robert Mapplethorpe são três grandes nomes da arte mundial que vão estar na Invicta nos próximos meses. O regresso à cidade não poderia ser melhor.


Publicado em 25-Jul-2018

Depois de uma passagem por Lisboa em 2012, a exposição Frida Kahlo – as suas fotografias está de regresso a Portugal, mais concretamente ao Centro Português de Fotografia, na antiga Cadeia da Relação. Uma oportunidade única para ver 241 imagens que dão uma nova perspetiva sobre a vida turbulenta desta célebre pintora mexicana, uma das figuras mais misteriosas e emblemáticas da arte latino-americana, que nunca se inibiu de mostrar as suas convicções numa sociedade em que as mulheres não tinham voz.

Três exposições a não perder no Porto | Unibanco
Frida Kahlo por Lola Álvarez Bravo, ca. 1944 ©Frida Kahlo Museum

Frida Kahlo por Lola Álvarez Bravo, ca. 1944 ©Frida Kahlo Museum

Frida manteve uma relação especial com o meio fotográfico, já que o seu avô e o seu pai, Guillermo Kahlo, eram fotógrafos profissionais. No entanto, apesar de muitas imagens serem de autoria de nomes como Man Ray, Edward Weston, Brassaï e Tina Modotti, estiveram longe do público durante mais de 50 anos. Quando morreu, em 1954, o marido e também artista Diego Rivera doou a sua residência pessoal – a Casa Azul, na Cidade do México – ao povo mexicano, para que fosse transformada num museu sobre a vida e a obra de Frida. No entanto, pediu a uma amiga que o seu arquivo pessoal (guardando mais de seis mil fotografias ao lado de desenhos, cartas, remédios, vestidos e diversos objetos) só fosse aberto ao fim de 15 anos, o que acabou por acontecer muitos anos depois.

Esta descoberta deu origem a várias revelações, tornando evidente que a origem de muitas das obras mais carismáticas de Frida Kahlo reside na fotografia. Os seus famosos autorretratos, por exemplo, eram muito inspirados nos retratos que o pai tirou dele mesmo, explica Hilda Trujillo Soto, diretora do Museu Frida Kahlo no catálogo da exposição, que tem a curadoria do fotógrafo mexicano Pablo Ortiz Monasterio.

As Origens, Casa Azul, Política, Corpo Acidentado, Amores e Fotografia são as seis secções que constituem a exposição que inclui ainda um documentário sobre a vida da pintora que, em 1925, sofreu um acidente de autocarro em que teve múltiplas fraturas e precisou de fazer 35 cirurgias. Foi nesse período, que passou presa à cama e cheia de dores, que começou a pintar e a retratar as suas angústias. Em homenagem a esta dor, parte das receitas desta exposição – que poderá ver até 4 de novembro – revertem a favor da Associação Salvador, que promove a integração de pessoas com deficiência motora.

Local: Centro Português de Fotografia, Largo Amor de Perdição, Porto

Horário: Segunda a Domingo, 10h-19h

Preço: €8, €6 (<25 anos), €22 (bilhete família)

Um passeio no Parque

Entretanto, no mesmo dia, do outro lado da cidade, acontecia outra inauguração muito especial: Anish Kapoor: obras, pensamentos, experiências. Serralves é um lugar incontornável no Porto, e esta mostra de um dos mais proeminentes escultores da atualidade é um dos eventos culturais mais importantes deste verão.

Kapoor, que nasceu em Bombaim em 1954, alcançou reconhecimento internacional enquanto membro da geração de novos escultores britânicos dos anos 1980, pelas suas esculturas a uma escala monumental em cidades como Londres, Nápoles, Nova Iorque ou nas encostas verdejantes da Nova Zelândia. Se acha que nunca ouviu falar, pense duas vezes. Uma das suas obras mais icónicas é a  Cloud Gate feita para o Millennium Park de Chicago, uma escultura que se tornou um símbolo da cidade, e que com toda a certeza já viu em fotografia.

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Anish Kapoor no dia da inauguração ©Serralves

Anish Kapoor no dia da inauguração ©Serralves

O seu trabalho está agora exposto no Porto, e vai poder admirar peças nunca antes mostradas ao público. A sua escolha e a sua localização relativa no Parque de Serralves foram cuidadosamente definidas pelo artista para criar um itinerário através do tempo, do espaço, das formas de perceção e de atribuição de significado. É o caso da imponente escultura construída em PVC vermelho-vivo Sectional Body Preparing for Monadic Singularity, apresentada pela primeira vez em Versalhes (2015), que foi instalada na Clareira das Bétulas, em frente ao auditório. No Jardim do Relógio, Sky Mirror, um espelho côncavo de aço inoxidável parece trazer “o céu à terra”. Segue-se Descent into Limbo, na Clareira das Azinhagas, e a Language of Birds (perto do lago), uma obra inédita, que consiste numa escada em espiral onde, uma vez por semana, vai subir ao pedestal um chamador de aves… Depois, no espaço central do Museu poderá ver 56 maquetas de projetos executados e não executados concebidas nos últimos 40 anos, remetendo para a escala íntima do ateliê de Anish Kapoor, como espaço de pensamento e de experimentação.

Esta é a primeira grande exposição anual no Parque que a Fundação quer repetir todos os anos e um passeio que não vai querer perder (até 6 de janeiro de 2019).

Local: Museu e Parque de Serralves, Rua D. João de Castro, Porto

Horário (até 30 de setembro): Segunda a sexta, 10h-19h. Sábado, domingo e feriado, 10h-20h.

Preço: €5 a €10

A preto e branco

Também em Serralves, mas com inauguração agendada só para 20 de setembro, está a ser preparada a primeira exposição em Portugal da obra de um dos maiores e mais influentes fotógrafos do século XX. Falamos de Robert Mapplethorpe (1946, Nova Iorque, EUA – 1989, Boston, EUA), conhecido pela sua sensibilidade no tratamento de temas controversos como a homossexualidade e no uso de preto e branco.

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Auto-retrato ©Robert Mapplethorpe Foundation

Auto-retrato ©Robert Mapplethorpe Foundation

Concebida em parceria com a Robert Mapplethorpe Foundation, Nova Iorque, e comissariada por João Ribas, diretor do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, a exposição irá ser uma retrospetiva em grande escala da obra deste artista norte-americano apresentando algumas fotografias mais icónicas do século passado, entre autorretratos, fotografias de amigos e celebridades (de Andy Warhol a Arnold Schwarzenegger ou Brooke Shields), nus artísticos, naturezas-mortas, assemblages de início de carreira e polaroids íntimas.

No total, serão cerca de 170 fotografias, alguns objetos e ainda dois documentários, um deles produzido com Patti Smith, cantora que foi sua musa e namorada, e cuja relação deu origem a um filme apresentado este ano durante o Tribeca Film Festival, contando com o ator britânico Matt Smith (conhecido pela sua versão de príncipe Philip na série da Netflix The Crown) no papel principal.

Robert Mapplethorpe morreu em 1989 mas a sua obra vasta, provocadora, corajosa e incisiva ainda tem muito para dizer. A partir de 20 de setembro no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto.

Local: Museu de Serralves, Rua D. João de Castro, Porto

Horário (até 30 de setembro): Segunda a sexta, 10h-19h. Sábado, domingo e feriado, 10h-20h.

Preço: €5 a €10

 

Por C-Studio / Cofina Media

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