Vamos todos arrumar Vamos todos arrumar

Vamos todos arrumar

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Em tempos de primavera, a limpeza do armário é um hábito essencial que implica organizar a roupa mais fresca, limpar e arrumar as peças mais quentes. Neste tempo de isolamento, mantenha esta rotina semestral, e faça desta uma tarefa de família. Pode ser surpreendentemente divertido preparar a próxima estação, tal como explica uma psicóloga.


Publicado em 27-Mar-2020 por Ana Campos, consultora e stylist de moda

Organizar um guarda-roupa é essencial para todos, seja por motivos de espaço ou mesmo para avaliar o que está bom para continuar a ser usado e o que mediante as tendências pode ser alterado e renovado. Pode ser um desafio, mas o resultado é sempre compensador, pois torna o dia a dia mais fácil por sabermos onde temos tudo. Se esta máxima funciona para os adultos, é também particularmente boa para as crianças e ajuda a reduzir os momentos de stress matinal.

Se esta é uma regra em tempos normais, como será em fase de quarentena? “Este período de isolamento social pode ser o momento de reencontro, um reencontro pessoal e familiar. Pela limitação em sair de casa é importante encontrar atividades pedagógicas/lúdicas que impliquem igualmente o movimento, arrumar o guarda-roupa insere-se perfeitamente neste objetivo”, explica a psicóloga clínica Ana Isabel Marcos sobre esta nova realidade.

Os primeiros passos que devemos fazer são identificar o que gostamos ou não gostamos, o que serve e que não serve, o que podemos reciclar e dar uma nova vida (adaptando às tendências), o que pode ser doado e que não tem salvação e deitamos fora. Tendo sempre presente uma altura em que devemos valorizar a economia circular, o que para nós não serve pode ser usado por outras pessoas. No caso das crianças esta reutilização é ainda mais fácil, pois o tempo de uso das roupas e sapatos é muito mais curto pelo crescimento. Verifique sempre se na sua rede familiar e amigos não existem crianças mais pequenas a quem possa dar estas peças.

Vamos todos arrumar | Unibanco

“Desde tenra idade que as crianças já manifestam o que querem, ou querem vestir, mostram com maior à vontade, do que noutras gerações, o que sentem, o que gostam, além de terem várias marcas de roupa, anúncios e os livros infantis que apelam a esta atenção –  existe uma moda infantil”, continua a psicóloga. Arrumar o guarda-roupa pode, assim, ajudar os mais novos a fazer escolhas e a tornarem-se responsáveis pelas suas decisões. “Implica desdobrar, voltar a dobrar, tirar de um lado para pôr no outro, compreender qual a roupa de primavera/verão e a roupa de outono/inverno e o porquê, identificar com desenhos ou fotos, para crianças mais pequenas, as gavetas com o conteúdo que está lá dentro (meias, calções etc.), como organizar o calçado, o cesto da roupa suja. Esta atividade ensina às crianças a importância de tomar conta das suas coisas, o gosto pelo cuidar das suas coisas, desenvolve a psicomotricidade e a orientação espaço-corporal”, acrescenta Ana Isabel Marcos. “A roupa de criança tem um prazo de validade muito curto, neste processo de arrumação encontra-se a roupa que já não serve, a que se gosta e que não se gosta. O importante é que a criança perceba o porquê de cada uma das situações, é como o ‘não’ e o ‘sim’, o importante é compreender o porquê.”

“Dar o que não vai usar significa deixar de ter, traduz-se no fundo de uma separação, sendo um processo algo difícil nas crianças, muitas vezes adiado, mas outras vezes conseguido após um longo tempo de conversa dos pais. Aprender que o que se dá não se perde porque a lembrança fica para sempre no coração é uma lição para o futuro. Por outro lado, escolher a roupa leva a criança a entrar em contacto com o seu esquema e imagem corporal ainda em formação, construir um olhar sobre si através do que vê no espelho, do que escuta dos outros. Sentir que está a crescer, a deixar de ser um bebé”, explica ainda a psicóloga clínica. Esta regra de identificação é transversal para adultos e crianças, deve ser sempre começada pela estação que estamos a acabar e está ainda exposta no armário e depois é que olhamos para o que temos guardado para a estação seguinte.

As decisões do que devemos reciclar, adaptar ou deitar fora podem ser escolhas difíceis, mas são eficazes para o guarda-roupa ficar o mais adaptado possível ao seu dia a dia. No caso das crianças, quando questionámos a nossa entrevistada sobre esta escolha, ela desmistificou: “São dois conceitos muito presentes no dia a dia das crianças, sabem fazê-lo muito bem na reciclagem do lixo, mas quanto à roupa, alguma é vivida como um marco do seu crescimento. Em particular, a roupa de quando se era muito pequeno serve para mostrar às pessoas mais próximas como já foi pequeno e coube ali. Esta ideia aplica-se mais ao adulto pelo tempo de vida da roupa.”

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Aprender que o que se dá não se perde porque a lembrança fica para sempre no coração é uma lição para o futuro

Ana Isabel Marcos

Após estar tudo separado e identificado, entre o que vão usar agora, o que é demasiado grande (o presente que receberam com dois tamanhos acima e não deu para trocar), o que guardar (vai ser útil para o irmão mais novo), o que é para dar e o que é para mandar para o lixo, então é altura de arrumar. Ao preparar a arrumação pense na altura das crianças (baixe-se à altura deles e veja até onde chega), tudo o que está ao alcance deve ser o que elas podem mexer, assim como o que mais vão usar. Aproveite as prateleiras mais altas para caixas, de preferência etiquetadas, nas quais guarda aquilo que não vão necessitar todos os dias.

Primeiro que tudo, se o armário for utilizado por mais do que uma criança, dividir os espaços, com cabides, prateleiras e gavetas dedicadas a cada uma.

No caso dos adultos, a separação por cores e tipos de peças é importante, nas crianças o mais importante é o tipo de peças (a quantidade de roupa nunca é a mesma, pelo seu ciclo de vida). As camisolas e as T-shirts devem estar dobradas em prateleiras, e nos cabides as camisas, assim como calças, saias, calções, etc. Em relação aos sapatos, mantenha numa área separada se possível, um pequeno móvel/sapateira será o ideal para que se crie o hábito de os pôr lá diretamente. Os sapatos tendem sempre a estar em cima uns dos outros, ou atirados para um canto.

Após todas estas tarefas, envolva as crianças em pequenos exercícios de como coordenar a roupa, pode sempre tirar fotografias e decorar o interior do armário com elas, para que estas possam ter ideias de looks quando vão escolher o que vestir. A reorganização do armário das crianças ajuda a perceber o que faz falta e o que se tem de comprar.

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Nesta altura de isolamento, uma das questões com que alguns pais se podem deparar é com o crescimento das crianças nestes tempos. Alguma da roupa que têm nos armários vai ficar apertada, por isso, crie momentos de compra online e torne uma atividade de família. Na opinião de Ana Isabel Marcos, quando os mais novos “têm conhecimento de que os pais vão comprar roupa para eles, de um modo geral, fazem questão de participar porque as crianças escolhem desde muito cedo a sua roupa para ir para a escola, além de que já começam a existir os pares, e os grupos de amigos, colegas de escola, que têm a roupa X, os ténis Y.”

Manter as rotinas é importante neste tempo, para que também as crianças consigam conservar alguma normalidade nos seus dias. “Tal como os adultos que ficam em casa é importante que mantenham uma rotina próxima à que existia antes do isolamento social. Ficar em casa de pijama, mesmo para quem está a trabalhar, pode dar a sensação de que não há uma transição, ou seja, ao sair de casa e regressar a casa do trabalho há uma mudança, ficar de pijama parece que o tempo de trabalho e de estar em casa se misturam. Assim parece-me mais pertinente fazer esta mudança de roupa, tirar o pijama, para uma roupa mais confortável. As crianças se tiverem regras bem claras conseguem aderir bem ao tempo lúdico e de estudo, em casa, com os pais”, conclui a psicóloga. Aproveite este tempo e renove os guarda-roupas de casa de uma forma divertida e em família!

Descubra mais sobre a Dra. Ana Isabel Marcos em anaisabelmarcos.pt.

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